domingo, 13 de abril de 2008

TOXICOLOGIA - 1º Bimestre (Parte I)

INTRODUÇÃO:
# Papiro de Ebers (1.500 a.c):
- Venenos eram utilizados para caça ou como arma contra inimigos;
- Pedras preciosas eram utilizadas como antídotos:
Ametista: antídoto para intoxicação por bebida alcoólica
Topázio: prevenção de morte súbita
# Paracelsus (1943-1541): “todas as substâncias são venenos, não há nenhuma que não seja veneno. A dose correta diferencia o veneno do remédio”.
# Claude Bernard (1813-1878):
- introdução do conceito de toxicidade de substâncias em órgãos-alvo;
- estudo do curare: esclarecimento do mecanismo de ação sobre a placa terminal do músculo estriado esquelético.
# Rognetta (1800-1857):
- estudo do mecanismo de ação de vários agentes tóxicos, especialmente o arsênio.
# Ehrlich (1854-1915):
- estudo da toxicodinâmica e farmacodinâmica;
# Joseph Jacob Plenck (1739-1807):
- técnicas analíticas para quantificar os agentes tóxicos em tecidos na tentativa de comprovar as causas do envenenamento, surgindo a toxicologia forense.
# Frederick Accum (1776):
- aplicações da química analítica para a detecção de contaminantes em alimentos e preparações farmacêuticas.

Seculo XX:
- 1937:intoxicação de milhares de pessoas causada pelo solvente dietilenoglicol, utilizado na preparação do elexir sulfanilamida;
- década de 50: crianças vítimas da intoxicação por talidomida, utilizado por mulheres no período da gestação;

HOJE: A ênfase é voltada à avaliação da segurança e risco na utilização de substâncias químicas.


Toxicologia: É a ciência que estuda os efeitos nocivos decorrentes das interações das substâncias químicas com o organismo.
Objetivo: Avaliação do risco para o estabelecimento de medidas de segurança na utilização das substâncias químicas e a proteção dos indivíduos expostos.
Agente Tóxico ou Toxicante: Substância química capaz de causar dano a um sistema biológico, alterando uma função ou levando-o à morte, sob certas condições de exposição (alterações na homeostase).
Xenobiótico: Designa substâncias químicas estranhas ao organismo.
Droga: Toda substância capaz de modificar ou explorar o sistema fisiológico ou estado patológico, utilizada com ou sem a intenção de benefício ao organismo receptor.
Fármaco: Toda substância de estrutura química definida capaz de modificar ou explorar o sistema fisiológico ou estado patológico, em benefício do organismo receptor.
Antídoto: Agente capaz de antagonizar os efeitos tóxicos das substâncias.
Toxicidade: É a capacidade inerente e potencial do agente tóxico de provocar efeitos nocivos em organismos vivos.
Risco X Toxicidade: Risco de um efeito adverso à saúde diz respeito ao nível de exposição e da susceptibilidade (probabilidade) individual para aquela molécula. Uma substância pode apresentar elevada toxicidade (DL50) e baixo risco.
Exposição: É o contato do organismo com uma substância tóxica.
Intoxicação: Conjunto de sinais e sintomas que evidenciam o efeito nocivo produzido pela interação entre uma substância química e o organismo.
Ação tóxica: Maneira pela qual um agente tóxico exerce sua atividade sobre as estruturas celulares.
Efeito tóxico agudo: ocorre ou se desenvolve rapidamente após uma única administração (ou múltipla em 24 horas) de um agente químico.
Efeito tóxico crônico: é o que se caracteriza não somente pela sua duração, mas também, por certas características patológicas. Pode ser por acumulação ou somatória dos efeitos produzidos.
Efeito tóxico reversível e irreversível: Além da dose, tempo e frequência da exposição, depende da capacidade de regeneração do tecido ou do sistema afetado.
Reações idiossincráticas: Reatividade anormal do organismo, determinada geneticamente, a um agente químico.
* Para uma mesma dose, efeito similar qualitativo para muitos indivíduos; para outros pode assumir extrema suscetibilidade em baixas doses ou o contrário em altas.

Os termos efeito e resposta são usados como sinônimos para denotar uma alteração biológica num indivíduo ou numa população relacionada com uma exposição ou dose.
* Efeito Þ indica a alteração biológica
* Resposta Þ indica a proporção da população que manifesta um efeito definido, ou seja, a taxa de incidência de um dado efeito.

Fases de Intoxicação:
* Fase de Exposição
* Toxicocinética
* Fase Toxicodinâmica
* Fase clínica

A toxicologia pode ser dividia:
* De acordo com os diferentes campos de trabalho: Toxicologia Analítica, Toxicologia Clínica e Toxicologia Experimental.
* De acordo com as áreas de atuação: Toxicologia Ambiental (estuda os efeitos nocivos produzidos pela interação dos contaminantes químicos ambientais com os organismos humanos), Toxicologia Ocupacional (estuda os efeitos nocivos produzidos pela interação dos contaminantes do ambiente de trabalho, com o indivíduo exposto e o impacto sobre sua saúde), Toxicologia de Alimentos (estuda os efeitos adversos produzidos por agentes químicos presentes nos alimentos), Toxicologia de Medicamentos e Cosméticos (estuda os efeitos nocivos produzidos pela interação dos medicamentos com o organismo) e Toxicologia Social (estuda os efeitos nocivos dos agentes químicos usados pelo homem em sua vida de sociedade - Drogas e Alcoolismo).

Laboratório de Toxicologia:
- função: Prevenção: monitorização terapêutica, biológica e ambiental; Diagnóstico: análises toxicológicas de urgência, farmacodependências, etc; Tratamento: acompanhamento de parâmetros bioquímicos e hematológicos, determinação de antídotos, etc.
- Atribuições legais: Determinar nos alimentos a presença de contaminantes e quantificar os aditivos; Determinação de xenobióticos presentes no ambiente (ar, solo, água) à controle da qualidade do ar; Avaliação do grau de exposição através dos Indicadores Biológicos; Controlar os Limites de tolerância nos locais de trabalho; Controle terapêutico de medicamentos em determinados tratamento; Identificação de drogas e controle da farmacodependência; Identificação de constituintes tóxicos em vegetais; Análise de toxicantes em material e amostras biológicas para fins legais; Análise para diagnóstico das intoxicações agudas e de apoio no tratamento do paciente intoxicado; Análise para diagnóstico diferencial nas suspeitas de intoxicações; Controlar o uso de dopping nas competições esportivas.

Toxicologia analítica: É um ramo da toxicologia que se utiliza de recursos da química analítica para a identificação e/ou quantificação de substâncias que podem exercer efeitos tóxicos.
- Clínico: formula uma hipótese diagnóstica, baseada nos sinais e sintomas apresentados pelo paciente e em tudo o que a história possa elucidar.

ANAMNESE CLÍNICA
SUSPEITA DE INTOXICAÇÃO
DISCUSSÃO CLÍNICO X TOXICOLOGISTA
TRIAGEM
AMOSTRAS (SANGUE, URINA, SECERÇÃO GÁSTRICA etc)
ANÁLISE TOXICOLÓGICA
TRIAGEM

Pode ser caracterizada por três modos:
1. – O quadro clínico não é característico de um determinado agente tóxico.
- Desconhece-se o toxicante
- Pode haver ou não história de intoxicação
TRIAGEM COMPLETA
- Pesquisa de vários grupos de toxicantes, dependendo do quadro clínico
2. – Quadro Clínico sugere um tipo de intoxicação;
- Há uma história de intoxicação;
- Desconhece-se o agente tóxico.
TRIAGEM SELETIVA
- Orientada de acordo com o agente tóxico causador da sintomatologia
– Há uma história de intoxicação
- O agente tóxico é conhecido
- O quadro clínico é compatível com o toxicante suspeito
TRIAGEM CONFIRMATÓRIA
- Confirmar a presença do agente tóxico relatado

Emergência toxicológica

Intoxicações agudas

Análise toxicológica de urgência

Confirmação - Diagnóstico.


OBS: A falta de correlação entre os resultados analíticos e as suspeitas de intoxicação pode ser decorrente de:
- anamnese incompleta
- material biológico inadequado
- material biológico mal acondicionado
- envolvimento de vários agentes tóxicos
- presença de outras patologias
- síndrome de abstinência (confundida com quadros de intoxicação

TAT (turn around time): Tempo decorrido entre o recebimento da amostra e a apresentação do resultado.
Análise toxicológica de alimentos: Fornecer dados que possibilitem uma avaliação geral dos níveis residuais em alimentos e possíveis causas de níveis excessivos, assim como tentar estabelecer uma relação causa/efeito para tais substâncias.

Finalidade;
- analise toxicologica de urgencia: Auxilia no diagnóstico e prognóstico das intoxicações agudas, bem como no acompanhamento do tratamento. Exige ser realizada num prazo máximo de 4 a 24 horas.
- análises de Controle do Grau de Exposição: Monitorizar e controlar a exposição crônica a agentes químicos presentes no ambiente de trabalho; Avaliar o grau de exposição ambiental a substância químicas; Controle do uso terapêutico ou do abuso de medicamentos; Monitorizar pacientes dependentes de drogas de importância social.

Toxicante: Substância química inalterada; Produto de metabolização do toxicante; Parâmetros bioquímicos e hematológicos.
- Os toxicantes costumam ser agrupados em função de seu estado físico e de suas propriedades químicas:
* Gases, vapores e material particulado;
* Compostos voláteis (líquidos e sólidos voláteis);
* Substâncias inorgânicas e orgânicas fixas.
Amostra: Sangue e urina são as amostras mais comuns.
* Urina: o agente tóxico ou sua forma biotransformada estará presente numa concentração bastante diluída.
* Sangue: não há uma diferença significativa nas concentrações de substâncias tóxicas no soro ou plasma. Há diferença quando se compara com o sangue total.
* Esclarecimento de intoxicação letal: material de necropsia (tecidos, fluídos e órgãos);
* Intoxicações agudas: sangue, urina, soro ou plasma. Líquido de lavagem gástrica, vômitos, restos de alimentos e medicamentos encontrados junto ao paciente também são importantes. Amostras de líquido de diálise são indicadas para acompanhar o tratamento do intoxicado;
* Controle da exposição ambiental e ocupacional: sangue e urina
- Controle terapêutico: soro ou plasma.
+ Vale lembrar que para alguns medicamentos a saliva constitui amostra muito adequada;
- Controle da dopagem e dependência às drogas: urina;
- Amostras alternativas: ar expirado (etanol), unha (As), cabelo (As e Hg), tecido adiposo (DDT), tecido do septo nasal (Cr), leite materno (Hipnóticos), etc.

Obs.: nos casos de suspeita, além do material para exame toxicológico, deve ser coletado material para exame histopatológico, bacteriológico e pesquisa de vírus (inoculação).

MÉTODO
* O método é escolhido a partir da seqüência das respostas anteriores.
* Exatidão
* Precisão
* Sensibilidade
* Especificidade

* Separação:
o Destilação
o Mineralização;
o Percolação.
* Extração:
o Solventes;
o Colunas cromatográficas;
o Colunas de imunoafinidade.
* Identificação (Técnicas):
o Espectrométricas;
o Cromatográficas;
+ Camada delgada;
+ Gasosa;
+ Líquida de alta eficácia acoplada ou não a espectrofotometria de massa
o Imunoensaios.

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Biossegurança: aplicação de boas práticas laboratoriais visando à prevenção, ao controle ou à eliminação de riscos.

CLASSES DE RISCO DOS AGENTES BIOLÓGICOS:
Divididos pelos seguintes critérios:
Patogenicidade
Alteração genética ou recombinação gênica
Estabilidade
Virulência
Modo de transmissão
Endemicidade
Conseqüências epidemiológicas
Disponibilidade de medidas profiláticas e de tratamento eficaz.

Classe 1: baixo risco individual, pois o microorganismo não causa infecção ao homem, e risco comunitário limitado. Bastante seguro. Ex: bacilo subtilis.

Classe 2: risco individual moderado, podendo causar infecção, e baixo risco comunitário.

Classe 3: alto risco individual com infecção grave, e risco comunitário moderado, porque OU tem profilaxia OU tem tratamento eficaz. Ex: infecção por microbactéria tuberculosis ou vírus da hepatite B.

Classe 4: Riscos individual e comunitário altos. Ex: Cólera, ebola, etc.

Classe 5: O risco de causar doença animal grave e de disseminação no meio ambiente é alto. Ex: Gripe aviária.

NÍVEL DE BIOSSEGURANÇA (NB):
* Nível de biossegurança (NB–1): Adequado ao trabalho que envolva agentes bem caracterizados e conhecidos por não provocarem doenças em seres humanos e que impliquem em mínimo risco ao ser humano e ao meio ambiente.
* Nível de biossegurança (NB–2): Adequado ao trabalho que envolva agentes que possam causar doença em seres humanos mas que não consistem em grande risco para quem aplica as recomendações de biossegurança.
* Nível de biossegurança (NB–3): Adequado ao trabalho que envolva agentes que possam causar doenças graves em seres humanos e que possam representar grande risco para quem os manipula.
* Nível de biossegurança (NB–4): Adequado ao trabalho que envolva agentes que representem ameaça para o ser humano, representando risco a quem os manipula, tendo grande poder de transmissibilidade.

Contenção: O termo contenção é utilizado para descrever os métodos de segurança utilizados na manipulação de agentes de risco no laboratório.
Objetivo: reduzir ou eliminar a exposição da equipe do laboratório, de outras pessoas e do meio ambiente aos
agentes de risco.
Elementos básicos da contenção são as boas práticas laboratoriais, os equipamentos de segurança e as edificações e instalações adequadas.
Contenção primária:são utilizadas as boas práticas laboratoriais e equipamentos de segurança como equipamentos de proteção individual e cabines de segurança biológica.
Contenção secundária: são utilizadas edificações e instalações laboratoriais adequadas.
A avaliação de risco dos trabalhos a serem desenvolvidos no laboratório determinará a combinação adequada desses elementos.

EPI: todo dispositivo de uso individual, destinado a proteger a saúde e a integridade física do trabalhador.
A empresa é obrigada a fornecer aos empregados, gratuitamente, EPI adequado ao risco e em perfeito estado de conservação e funcionamento, nas seguintes circunstâncias:
a) sempre que as medidas de proteção coletiva forem tecnicamente inviáveis ou não oferecerem completa proteção contra os riscos de acidentes do trabalho e/ou de doenças profissionais e do trabalho;
b) enquanto as medidas de proteção coletiva estiverem sendo implantadas;
c) para atender a situações de emergência;
d) empregador deve fornecer aos trabalhadores os EPI de acordo comas atividades realizadas por cada profissional.

2 comentários:

Unknown disse...

esta muit bom esse site;.,galera

Tudo Junto e Misturado disse...

Demais teu blog, lhe parabenizo!
Antes mesmo de começar a graduação ja estou por dentro de muitos assuntos acerca, graças ao teu blog.
Este blog esta somente somando positivamente o interesse nesta area.
Realmente tu esta de parabéms.
E se papi do céu assim quisér, lá estarei em 2013 no Cesumar cursando Biomedicina ;D